Parto cesáreo: procedimento, riscos e pós-parto
O parto cesáreo ocorre quando não é possível ou é altamente desaconselhável o parto natural. Pode ser programado ou não, mas em ambos os casos é recomendável estar preparado e informado para enfrentá-lo da melhor forma.
Neste artigo você encontrará todas as informações sobre a cirurgia, os riscos relacionados à operação e noções sobre o pós-parto referentes à amamentação, retorno para casa e busca por uma nova gravidez.
Antes de começar, deixo algumas informações úteis:
- para começar da melhor forma a jornada da doce espera, recomendo que dê uma olhada no videocurso pré-parto multidisciplinar, pensado para você pela Dottoressa Maria Chiara Alvisi, a parteira do Centro Yule.
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Parto cesáreo: introdução
O parto cesáreo é uma verdadeira cirurgia com o objetivo de fazer o bebê nascer pela parede abdominal da mãe. A operação consiste em uma incisão na parede uterina, em termos médicos chamada de laparotomia.
A mãe não pode escolher se submeter ao parto cesáreo; ele é realizado apenas quando o parto vaginal é contraindicado.
De onde vem a palavra cesárea? Existem duas teorias:
- De Júlio César porque parece que ele teria nascido dessa forma;
- De “Lex Caesarea” (do latim “caedo”, que significa corte) que previa realizar a cesariana em mulheres mortas durante o trabalho de parto para tentar salvar o bebê e batizá-lo.
Tipos de parto cesáreo
Podemos distinguir 4 tipos de cesariana. Vamos vê-los em detalhes

Eletivo
Este tipo indica o parto cesáreo programado com antecedência, pois o parto natural via vaginal é contraindicado.
O exemplo mais comum é quando o bebê está em posição pélvica no final da gravidez. Obviamente, se no final o bebê se virar, passará para o trabalho de parto e parto natural.
Iterativo
O parto iterativo indica um segundo parto cesáreo, ou seja, a mãe se submete novamente à cirurgia em uma gravidez subsequente.
De fato, se a mãe teve parto cesáreo na primeira gravidez, na segunda ela discutirá com obstetras e ginecologista sobre as possibilidades. Então, poderá escolher se fará novamente a cirurgia ou tentará o parto natural (VBAC). Falaremos sobre este último nos próximos capítulos.
De emergência
Neste caso, as condições da mãe e/ou do bebê se enquadram em código verde/amarelo e requerem um parto antecipado ou um desfecho mais rápido.
Aqui estão alguns exemplos:
- Valores alterados da mãe e/ou do bebê antes do término da gravidez;
- Falta ou bloqueio da dilatação durante o trabalho de parto;
- Cordão umbilical muito curto ou posição complicada do bebê para um trabalho de parto natural.
De emergência
Este é o caso de um código vermelho onde a vida da mãe e/ou do bebê está em perigo.
Inclui neste caso o descolamento prematuro da placenta ou batimento cardíaco alterado do bebê.
Em que consiste a intervenção?
Como em todas as operações, está prevista a anestesia que pode ser espinhal, epidural ou geral. Geralmente é escolhida a espinhal para que a mãe permaneça consciente e possa ver seu bebê logo após o nascimento.
Antes da intervenção, é realizada na mulher a tricotomia na região púbica (remoção dos pelos) e posicionado o cateter vesical. Este último tem uma dupla função:
- Servirá para a mulher que perderá momentaneamente a sensibilidade do tronco para baixo;
- Permite esvaziar a bexiga antes da intervenção para evitar que ocorra uma laceração vesical.
A duração da intervenção é de 45-60 minutos e ocorre em uma sala de cirurgia estéril. A área do corte é abundantemente desinfetada e em seguida procede-se. É feita uma incisão na região suprapúbica geralmente de forma transversal, mas também pode ser longitudinal.
Na sala de cirurgia estará presente uma equipe completa e multidisciplinar:
- Ginecologistas;
- Parteiras;
- Neonatologistas;
- Enfermeiro da maternidade;
- Anestesista;
- Obs.
Infelizmente, o papai não poderá assistir ao procedimento e deverá esperar a mamãe sair da sala para poder abraçá-la e dar as boas-vindas ao bebê.

Quando se realiza uma cesárea?
A cesárea é realizada apenas quando não é possível ou não recomendada. De fato, o parto vaginal é sempre mais seguro e preferível ao cesáreo se a gravidez for fisiológica e decorrer sem problemas.
Vamos ver, porém, as principais situações em que a cesárea é indicada:
- Apresentação pélvica;
- Cesárea prévia;
- Placenta prévia: quando a placenta se implanta próxima ao colo do útero na parte inferior do útero;
- Descolamento de placenta: causa sangramento uterino e falta de oxigênio e nutrientes para o bebê;
- Suspeita de macrossomia fetal: geralmente quando se suspeita que o bebê pese mais de 4kg;
- Presença de miomas uterinos importantes (tumores benignos);
- Anomalias do batimento cardíaco fetal;
- Pré-eclâmpsia/eclâmpsia: representa o aumento da pressão arterial;
- Gravidez gemelar, com o primeiro gêmeo pélvico;
- Ruptura uterina;
- Prolapso do cordão umbilical: o cordão umbilical está prolapso e durante o trabalho de parto pode ser comprimido pelo feto;
- Má posição/má apresentação fetal;
- Falha na indução: não alcance da fase ativa do trabalho de parto após 12 horas de infusão de ocitocina;
- Patologias fetais.
Os riscos da operação
Todas as operações envolvem a possibilidade de riscos e complicações. Consequentemente, também o parto cesáreo. Vamos ver os principais:
- Infecção da ferida laparotômica;
- Infecção da cavidade uterina;
- Aumento do risco de trombose;
- Possível adaptação difícil do recém-nascido;
- Recuperação mais lenta em comparação com um parto natural;
- Perdas sanguíneas mais abundantes;
- Lesão vesical (geralmente não ocorre graças ao cateter vesical);
- Aumento do risco de ruptura uterina em gestações futuras (veremos este aspecto no último capítulo).
O pós-parto cesáreo
O parto cesáreo, sendo uma cirurgia, requer uma internação diferente do parto natural. Além disso, algumas precauções são recomendadas para a mãe para uma melhor recuperação.

No hospital
Ao final da cirurgia, a mãe será monitorada, mantida sob observação e submetida a vários controles de rotina:
- Parâmetros vitais (pressão, oxigênio no sangue, temperatura, …)
- Verificação do fundo uterino;
- Verificação de perdas sanguíneas;
- Verificação da capacidade de urinar;
- Verificação da ferida.
Além disso, serão administrados analgésicos para a dor.
Também para a mãe que fez cesariana, se não houver complicações, é proposto o bonding e a pega ao seio. Quanto à amamentação, você encontrará todas as informações no próximo capítulo.
Se a recuperação estiver indo bem, a nova mãe recebe alta após 3 dias.
Em casa
Normalmente, a recuperação pós-operatória é um pouco mais longa do que após o parto natural. De fato, a dor da ferida pode causar alguma dificuldade nos primeiros dias.
Ainda assim, é importante tentar fazer exercícios para favorecer a recuperação e reduzir o risco de trombose.
A ferida deve ser mantida seca e limpa para evitar infecções. Obviamente, na presença de vermelhidão, inchaço, dor ou pus, é necessário contatar imediatamente o seu médico.
É desaconselhado o uso de cintas para favorecer a recuperação dos músculos abdominais.
Como no parto natural, é recomendado um exame ginecológico após 4-6 semanas para:
- Verificar a situação;
- Falar sobre a retomada das relações sexuais;
- Avaliar os possíveis contraceptivos.
Além disso, é importante cuidar do assoalho pélvico adotando alguns cuidados que você pode encontrar no videocurso “Assoalho pélvico” da Obstetra Maria Chiara Alvisi.
O aspecto psicológico
Um aspecto que talvez não seja avaliado com importância é como a mãe se sente após a cesariana. Se a intervenção foi de emergência, é possível que a mãe viva a experiência com decepção e arrependimento.
Não são casos isolados aqueles em que a nova mãe se sente errada por não ter conseguido ter um parto natural.
A esse aspecto soma-se também a descida do leite tardia (como veremos a seguir) com o resultado de mais estresse.
É importante, portanto, não subestimar esse aspecto e oferecer apoio e amor, mesmo que seja simplesmente estando em escuta.
Cesárea e amamentação
Não há nenhuma contraindicação para amamentar após uma cesariana.
Podem haver apenas dificuldades iniciais devido a:
- Encontrar a melhor posição devido à dor da incisão;
- A descida do leite tende a ocorrer um pouco mais tarde devido à anestesia;
- O humor da mãe.
Gostaria de enfatizar este último ponto. Se a cesariana é programada, a nova mãe está preparada, enquanto se ocorre de emergência, ela pode vivenciar tudo com decepção. De fato, como dito no capítulo anterior, é importante também avaliar o estado emocional da mãe e apoiá-la especialmente no primeiro período.

Quando é possível uma nova gravidez após uma cesariana
Recomenda-se aguardar 18 meses após a cesariana para tentar uma nova gravidez. De fato, se engravidar dentro de 6 meses após a operação, o risco de ruptura uterina é maior.
Para o parto seguinte, será possível avaliar também um parto natural, como veremos no próximo capítulo.
VBAC: parto natural após uma cesariana
Se a gravidez após a cesariana ocorrer sem complicações, a mãe poderá decidir se tenta um parto natural. Nesse caso, fala-se em trabalho de parto de prova.
Sendo considerado um trabalho de parto de risco (existe o risco, embora pequeno, de ruptura uterina), a mãe e o bebê são monitorados constantemente e uma sala de cirurgia estará pronta em caso de necessidade.
Obviamente, a mãe será informada de todos os riscos e poderá decidir se dá o consentimento ou realiza novamente uma cesariana. Porém, se a cesariana já foi realizada duas ou mais vezes, o parto natural não é recomendado.
Segundo as últimas diretrizes, a taxa de sucesso de um parto natural após uma cesariana é em torno de 80%.

Não é possível saber como será o próprio parto; portanto, ter todas as informações pode dar mais segurança e tranquilidade à mãe. Por esse motivo, um curso de preparação para o parto é uma ferramenta válida para saber como enfrentar da melhor forma essa emocionante aventura que mudará a vida não só da mãe, mas também do pai. O videocurso “Nascendo e Renascendo Mãe” sob a responsabilidade da Obstetriz Maria Chiara Alvisi, da nutricionista Federica Dell’Oro e minha, Matteo Silva como Osteopata pediátrico pode ser assistido por ambos os pais para viver melhor a gravidez e estar preparado para o parto. Além disso, conterá também informações importantes para iniciar com sucesso a amamentação.